sexta-feira, 13 de novembro de 2009

''Um processo de demolição.''

''Eu prefiro assim: é andar na corda bamba, saber andar na corda bamba, saber se manter na superfí-cie. Todo problema ético é saber se manter na superfície. Saber estar em devir, saber manter a atmos-fera do encontro – é isso que é andar na corda bamba. A superfície é uma corda bamba. Então Deleuze vai dizer isso naquela série Porcelana e vulcão, na Lógica do sentido; ele vai dizer: é todo o problema ético e também a questão clínica – do esquizofrênico, do psicótico. Porque há um afundamento do esquizofrênico, ele se afunda no corpo e perde a superfície. E o homem moral vai numa altura e proíbe a superfície ou submete a superfície. E o artista ou o homem livre, o pensador, desliza na superfície e leva a superfície ao máximo do que ela pode – não numa extensividade, mas é a superfície sempre intensa. Então esse é o critério ético. E não é à toa que o capítulo se chama Porcelana e vulcão: vulcão que tudo dissolve numa profundidade, como em Artaud, e porcelana onde tudo se cristaliza como o alcoólatra ou então algum tipo de drogado que se fixa tanto que numa hora trinca e não se cola mais, não tem como juntar os pedaços. E aí a fissura faz com que você perca a superfície também e caia numa altura; aí você é salvo, você é resgatado, você é curado, tem levam para a altura, você cola essa fenda mas essa superfície nunca mais. ''


Tudo extraído.

Um comentário:

Diogo Carreira Fortunato disse...

A porcelana não se cola de novo...