quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

tu laberinto


Virei a pra mim, o sangue saia de sua boca, tentei achar alguma resposta de vida, respiração, liguei pra Antonio, liguei pra ambulância, entrei em choque, fiquei quase cinco minutos olhando pra ela, seus olhos fechados, face serena, sua pele clara, mais clara que o normal, e sangue, pastoso, não conseguia entender por que ela estava vomitando tanto sangue, e não conseguia parar de olhar, não era mais ela, era um corpo.
Não me lembro muito bem,mas dentro de alguns minutos ou horas estávamos no hospital, ela estava tendo uma hemorragia interna causado por excesso de medicamentos.
Primeira noite, foi angustiante, eu não estava em mim, as vezes ficava quase um hora parado, as vezes andava tudo, inventava coisa pra fazer, fumava, tomava café , até inventei de dar uma olhada no motor do carro.
Na manha do dia seguinte, ela teve uma agravamento; ocorreu um avc, o lado direito paralisou.
A semana foi pesada, entrou e saiu do coma, descobri que ela tinha tomado os remédios como uma suposta tentativa de suicídio. Se ela estivesse bem depois de tudo, eu com certeza terminaria, mas ela estava em coma, não sabia como agir, voltei pra casa dos meus pais. Não agüentei ficar em casa sozinho, tudo me lembrava ela, era um fantasma.
Faltei alguns dias de trabalho, mas aos poucos a rotina foi se normalizando, voltei pra minha casa.
Precisava decidir minha vida, mas não tinha muita paz, amigos ligando a todo tempo, família, ex namoradas, amigas interesseiras se insinuando.
Passei ir visita lá um dia sim e um não, não havia melhora, era estava em coma, sua pele perdera o brilho, sua vivacidade, seu sorriso, nada estava ali, era um corpo frio, e memórias, grandes memórias, vivências, histórias, projetos, viagens, nossa lua de mel, nosso primeiro beijo, nossa primeira suspeita de gravidez, o meu primeiro livro, primeiro presente, formatura, era uma dor, e uma impotência desmensuradas.
Gostaria de estar ali no lugar dela, mas ficaria no meu até o último momento.
Uma amiga se instalou na minha casa, com desculpa de me ajudar, amiga de algum tempo sempre fora apaixonada por mim, mas nunca percebi sua face oportunista. Uma das noite bebemos até tarde quando discutíamos algumas folhas escritas por mim, sobre um novo livro que estava em projeto antes de Lucia, ir pro hospital.
Já com álcool na cabeça, nos envolvemos, nos beijamos, transamos, um passo pro abismo.
Sem forças pra mudar qlqr coisa, virou rotina, tomou posse de mim, deixará se ser um amiga pra virar uma aranha, eu amarrado em sua teia. E Lucia em coma, e eu traindo ela e a mim mesmo.
Lucia não melhorou, em coma ficou, decidimos que continuaríamos visita la e tratar dela como se o amanha fosse diferente, eu tinha esperança sim, de pelo menos gritar com ela, e perguntar - por que você fez isso? -aonde eu faltei? A família não me odiava, era parentes dela dizendo pra eu dar continuidade na minha vida, que ela não melhoria, que uma besteira tinha acarretado grandes problemas e eu não poderia pagar por um erro dela. Eu sabia o meu lugar.
Lívia a tal amiga que se apoderou de mim, começou a tirar as coisas da Lucia da casa, eu morria aos poucos, já não tinha força pra discutir, mandar embora, eu me sentava na varanda todos os dias a noite pra fumar meu narguillé, enquanto ela falava, a pobrezinha estava em uma sintonia vívida, como se fossemos um casal apaixonado, recém casado, eu estava semi morto dentro de mim. Como que um ato feito em um momento efêmero teve força pra mudar toda a minha vida, e pq eu permiti isso, logo eu e a minha força de engajamento. Eu e minha esperança nos er humando.
Sexta feira, depois de uma reunião. Cheguei em casa decidido, caminhei cuidadosamente pelo quarto, pequei algumas coisas fui pro hospital. Despedi me da Lucia, lamentei me todas as brigas, todo o tempo que demorei pra aceita la como amor da minha vida, chorei por alguns minutos. Fui a um antiga faculdade em um bairro próximo, subi até o ultimo andar, tomei um caixa de remédios tarja preta, esperei 40 minutos, meu estomago revirar, minha pressão baixar, meu ar faltar, liguei pra Antonio, me despedi, liguei pro Ricardo, minha mãe, e pulei. Alguns segundos, chão, uma força muito grande arrebatadora me esmagou, consciência, muita dor, alucinante. Morri.
Eram 19:16 minutos. As 19:00 Lucia estava teve outro avc, e morreram alguns minutos antes de mim. Tive a certeza que era isso que eu tinha que fazer, quando liguei pra minha mãe, e ela atendeu dizendo,

- eu vim visita la, acabei de saber, força meu filho.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Me encierran los muros de todas partes.




A última produção dela me assustou um pouco, era uma parede branca com cerejas coladas, e uma calda meio sanguinolenta que escorregava de cada cereja, o nome da obra era o muro das lamentações. Esse tipo de irônia concisa, que poucos percebiam eram uma das coisas que mais me chamava atenção nela.
Ficou durantes três meses organizando idéias pra fazer essa produção, e só funcionava à noite, eu tentava acompanhar a madrugas produtivas, fumava alguns cigarro, fazia companhia no silêncio, carinhos nos ombros, mas ela nem me notava, e isso não me incomodava, o que me incomodava era a inspiração dela, só produzia quando brigávamos, então foram três meses pisando em ovos, na última briga, obviamente por ciúmes, quebrou meu whiskey importado em um livro com dedicatória, e o pior, depois do estresse ainda tirou foto, achou que aquela era a cena ideal que ela precisava, desejo e descontrução.
A instituição sádica do nosso casamento às vezes me cansava, mas sua irreverência e infantilidade de fato era o que me segurava. Tive algumas oportunidades de seguir outros rumos na minha vida, conheci pessoas influentes, conheci lugares, mas era aquele caminho pra qual eu me conduzi, de forma natural às coisas foram acontecendo, não foi determinado, eu poderia a qualquer momento mudar o rumo, oportunidades desnudaram se na minha frente, mas escolhi esse.


E não pensava em qualquer tipo de remorso por isso, poderia estar casado com outros mulheres, belas ou médias, ricas, diplomadas, amigas que seduziram em encontros extremamente românticos, como um a mais ou menos cinco anos atrás em plena França, em outra ocasião conto essa.
Eu sempre fui um ser mais centrado na racionalidade do que na emoção, tanto que esse shows extrapolantes que a ela dá, são coisa que observo como se estivesse vendo um espetáculo, não me afeta a ação, é artístico, e real, eu não ignoro, mas sobre mim não tem poder algum.
Semana passada, cheguei em casa depois de visitar um amigo de longa data, quase amanhecia, procurei ela pela casa inteira, esse tipo de coisa era normal acontecer, eu sempre sai com meus amigos e ela com os dela, e isso não nos dava problema, é bom explicitar isso para que o leitor não ache que foi esse motivo. Motivo de que?


Então, entrei no quarto, pra tomar um banho, ela não estava dormindo, procurei ela pela casa, fui no quartinho de produção dela, que ela não gostava que se referíssemos como ateliê, e nada, achei estranho, voltei pra tomar banho, voltei a procura pós banho, sala, cozinha; terraço, subi, Jade a nossa gatinha persa miava, um corpo desmaiado esvaído em sangue...vivo ou morto? Corri, toquei nela...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Hello, stranger.


Oscila

De lá pra cá, de cá pra lá....

Corre.

As vezes acorda tomada pela felicidade de existir, rindo pra todo mundo, cumprimentando pessoas, dando sorrisos a cobradores de ônibus, atendentes de cantina, sorrisos, abraços, a vida é tão tranqüila. Tão simples.

As vezes tudo se fecha, não se sente vontade de sorrir, não sente vontade de andar, de olhar, você só quer resolver o que te incomoda, só aquilo que importa, joga se todo o resto fora, você foca. Você é intenso. E não entende por que os outros não são também.

Intenso, rígido, vivo, ferve.
Joga tudo fora fácil, se levanta e vai se embora.
Não sou nada, não ocupo lugar algum, não sou diferente, mais um produto na prateleira ao lado de duzentos, esse sentimento que te toma.
Me consome.
Até que ponto se caminha em direção a nada?
Me consome. Te consumo.

Acaba.

Passa.

Recicla.


.
Volta -


Sinto me como se não fizesse parte dessa história.
Talvez não faça mesmo.
A vida é simples, as relações são simples, basta se adequar, se renunciar, o resto é tudo amor.

A gente sabe que é amor.
É companheiro, tranquilo...pra vida toda.

Can you heard me?

Can you read my mind?

Can you see me?



"prefiro não filosofar quando o assunto é meu namoro,
é a única coisa q eu gosto,
e ainda vou levar no meio das metáforas, das letras de música, teorias e tudo mais...’’

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Conversa fiada.


(Renoir)

Era uma conversa informal, dessas depois do trabalho:

- cansei, nem todo mundo tem o que dizer, nem todo mundo que é novo me acrescenta, tem tanta gente nesse mundo, tanta gente pra se conhecer, pra se somar, dividir sei lá, mas o ser humano é meio repetitivo sabe, perco as esperanças as vezes...
-sei lá, no começo são só flores, a grande maioria que te aceita, comporta se com simpatia, carisma, e conta histórias, e dividi alegrias, faz convites, segundas intenções ou não, sabe sei lá...mas depois te aprisionam e sua teia, não importa o nível de amizade, o sentimento de aproximação se confunde com posse, esse amigo é o meu, esse grupo é o meu, esse povo é o meu...
-nem sempre...
- é, factualmente, isso só acontece quando não se tem certeza do amigo, mas não se tem certeza de nada nesse mundo, o ser humano é mudança, nada é absoluto e constante...
- você realmente acredita nisso? Como se vive pensando nisso, pensando que se está pisando em ovos, que amanha pode acordar e não ter mais um amigo, e solteiro? Então você vive pra que? Você vive sozinho, sem ninguém, sem se prender a ninguém, sem acreditar em ninguém, sem confiar, pensa no futuro desamparado, em um constante ciclo, novos amigos, novas namoradas, e tudo se reinicia.....e você com 80 anos? Vai ser assim...?
-você é muito trágico também...
-você é desconexo...
-não, não sou, só quero paz e ser humano trás um carga de necessidades que tem que ser supridas, então melhor manter uma distância.
-além de tudo egoísta.
-não é egoísmo é precaução pra não machucar.
-tomar no cú.
-acho bom mesmo.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Premeditação.

(Renoir)
O ser humano e a conveniênica.



O ser humano é um bicho conveniente, no sentido de oportunista, pra seu benificio próprio , as vezes até sem ética, sem perceber que sua ação tem concequencias nos outros.

Quando não está no meio dos seus velhos amigos, o ser se mostra, calculista, ligado, é tempo, é olhar, é ação, levanta, anda, você sabe donde vem com que vai, pra onde tem que ir.

Faz sua oportunidade. Parabéns.

Mas lembre se existem mais pessoas no mundo.

E que vasto mundo.

As pessoas te observam, te julgam o tempo todo.Te anotam, te cristalizam.

E podem te atacar também.

E que vasto mundo.