sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Conversa fiada.


(Renoir)

Era uma conversa informal, dessas depois do trabalho:

- cansei, nem todo mundo tem o que dizer, nem todo mundo que é novo me acrescenta, tem tanta gente nesse mundo, tanta gente pra se conhecer, pra se somar, dividir sei lá, mas o ser humano é meio repetitivo sabe, perco as esperanças as vezes...
-sei lá, no começo são só flores, a grande maioria que te aceita, comporta se com simpatia, carisma, e conta histórias, e dividi alegrias, faz convites, segundas intenções ou não, sabe sei lá...mas depois te aprisionam e sua teia, não importa o nível de amizade, o sentimento de aproximação se confunde com posse, esse amigo é o meu, esse grupo é o meu, esse povo é o meu...
-nem sempre...
- é, factualmente, isso só acontece quando não se tem certeza do amigo, mas não se tem certeza de nada nesse mundo, o ser humano é mudança, nada é absoluto e constante...
- você realmente acredita nisso? Como se vive pensando nisso, pensando que se está pisando em ovos, que amanha pode acordar e não ter mais um amigo, e solteiro? Então você vive pra que? Você vive sozinho, sem ninguém, sem se prender a ninguém, sem acreditar em ninguém, sem confiar, pensa no futuro desamparado, em um constante ciclo, novos amigos, novas namoradas, e tudo se reinicia.....e você com 80 anos? Vai ser assim...?
-você é muito trágico também...
-você é desconexo...
-não, não sou, só quero paz e ser humano trás um carga de necessidades que tem que ser supridas, então melhor manter uma distância.
-além de tudo egoísta.
-não é egoísmo é precaução pra não machucar.
-tomar no cú.
-acho bom mesmo.

Um comentário:

Adrian Troccoli disse...

Fiada é só aquilo que não constroi...a não ser caretel que é fiado e constroi...e todos os tecidos que são fiados e...
A quer saber, nem eu sei...