terça-feira, 18 de agosto de 2009

Artemis.

(William Bouguereau)


Os sapatos molhados rangiam em certa melodia, caminhava apressado com saco de paezinhos frescos na mão, um certo carinho ao segura los, como quem protegia dos pingos fortes de chuva.

O clima não era um dos piores, estava um pouco frio, mas a chuva, ah a chuva, molhava tudo. Seus cabelos estavam encharcados, seu paletó, e seus sapatos...depois de caminhar meia hora até a padaria, resolvera comprar um guarda chuva para não molhar os pães. Guarda chuva comprado, mais meia hora para voltar pra casa. Era inútil, os pães logo esfriariam mas não deixariam se frescos, a intenção era proporcionar o melhor café da tarde a sua amada.

Era inútil, nada de mais belo faria ela se emocionar, nem flores, nem café, nem anel, nem cartas, nada.

Era inútil, não se casa sozinho.

Não se ama sozinho, não se vive sozinho.

Sozinho se procura...

As noites eram alucinantes, ele se mexia na cama, sentia falta de algo, ela no porão da casa velha, porão sujo, ela já sem cor, pálida, roupas largas, cabelo desgrenhado, emitia sons, eram os pincéis trabalhando, pincéis pra lá,pincéis pra cá, tintas no chão, cores por todo o porão, só isso afastava os ratos, mas de vez enquanto ainda apareciam alguns para servirem de passa tempo para Burton, o gato. E velas, Lisia não gostava mais da luz, clara e osfucantemente eletrica, a luz para ela, era de velas, que só serviam para iluminar, e iluminavam pouco.

A noite era a parte do dia mais produtiva, a qual ela passava pintando e se afastando do Elton.



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Todos os dias, acordava com um belo sorriso no rosto, dava um beijo na testa dele, saia evitando o máximo de barulho, descia as escadas, abri as janelas, a luz entrava, o raiar do dia revitalizava todas as energias. Arrumava o café para ele, e saia para caminhar e aproveitar o sol da manha, antes do trabalho. Ele acordava sempre atrasado, sempre mais preguiçoso, mal se arrumava e já saia para o trabalho. Os encontros todos eram cheios de vida, risos, carinhos, amor, até as discussões frequentes eram motivos não de afastamento, mas de mais aproximação. Seria amor enquanto durasse, e estava durando bastante tempo. Chegavam em casa ambos com novidades, eram presentes ou não, lembranças ou não, mas não caiam na rotina. Invenções um tanto infantil, como jantar no jardim, ou visitar algum muito amigo do passado, que sempre acabava sendo um pouco frustrante terminavam os dois, bebendo algo na sala e rindo.Trabalhavam juntos, construíam juntos, se frustravam juntos, brigavam juntos, gritavam juntos, bebiam juntos, choravam juntos, mas não perdiam a individualidade juntos. Era amor, não havia dúvida.

E ela só o encontrava, quando pintava, e quando Elton não estava perto.

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