sábado, 27 de dezembro de 2008

Pandora.


-arruma suas malas...anda, vamos embora, arruma...
Quando entro em paginas como essa, encaro como se estivesse entrando em quartos, parei para entrar no meu próprio e vi. Um quarto, pobre, vazio, com pouca luz, uma caixa de quatro paredes, com pouca ou nenhuma circulação de ar, abafado , quente. Sabe quando as energias são tão fortes que movem objetos? Pratos caindo, copos trincando.
A impulsividade me fez pintar quadros, a impulsividade me fez por regatas brancas velhas rasgadas, cabelo semi-preso, franja rala caindo nos olhos, pincel, o pote de tinta todo derramado, agressividade, riscando de um ponto ao outro, gastando o material, sem moderação, sem cálculos.O momento era esse, e só.
Eu não pinto, não sou inteligente, não admiro gente inteligente, não procuro me aprofundar, não procuro crescer, não procuro mostrar me ser superior, não leio, não costuro, não tenho orgulho do meu bairro,não falo francês,nem italiano, nem árabe, muito menos mandarim, não como em restaurantes típicos, não sou cult, não faço faculdade, odeio esse mundo acadêmico, e eu? Eu desisto todo dia. Eu já acordo desistindo, eu ando pensando em desistir, as pessoas riem comigo pelo meu mal humor, e minha falta de ilusão. Eu não me iludo, eu conheço você, eu conheço aquele ali, eu conheço todo mundo, e eu me reservo a conhecer pouco pra não me afogar. Pq se eu bebo, eu bebo demais, demais de você. Então, me convidaram pra ir embora, sem hesitar, eu arrumei minhas malas e fui,fui embora desse quarto. Como um animal que nunca tinha visto o sol, eu fui ver o sol. Nossa recompensa.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

no.


"O dia mente a cor da noite
E o diamante a cor dos olhos
Os olhos mentem dia e noite a dor da gente"

''Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
enchendo a minha alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar
tua palavra, tua história
tua verdade fazendo escola
e tua ausência fazendo silêncio em todo lugar
metade de mim
agora é assim
de um lado a poesia o verbo a saudade
do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
e o fim é belo incerto... depende de como você vê
o novo, o credo, a fé que você deposita em você e só
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você''

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Sur.


Respirei fundo, entrei em casa, casa perfumada, cores, flores no jarro, bilhetes na cozinha, harmonia. Que a vida é um teatro eu já sabia, e cada instante uma peça ou um musical. Nesses últimos dias o teatro esteve cheio, e o espetáculo era um espontâneo, não gostamos muito de produzir esse tipo mas por recomendação do nosso superior o fizemos. Nosso personagem principal muito querido, esteve de frente pra platéia, fingindo se de nu, fingindo se de sozinho, fingindo se não de forma pejorativa, e sim de forma reservada. Foi um Maximo, todos explodiram o de soluções para vida, de formas, teve gente levantado se dos lugares indo até ele e tocando o.
Teve gente com tintas, sabe deus de onde tiraram, pintando o ator, colorindo o. Via se nos olhos dele que sua profissão era por amor. Mas perceba, o teatro fecha depois da peça, o ator se limpa e vai pra casa, o ator nunca é apreendido sozinho, ator/personagem, sempre. Meu medo é que um dia se perca essa dimensão, e me perca entre personagem e vida, e te perca entre as cortinas, e entre os lençóis. Baby, ele comprou o jornal e veio ver o sol.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Ro.

Acendi a minha vela, sentei me na cadeira de madeira escura, a tarde já caia, molhei minha pena no tinteiro, e comecei a rascunhar meu romance.Acendi minha cigarrilha, enquanto pausava pra desenhar na minha cabeça e decodificar em palavras.

Ou

Abri meu caderno de folhas amarelas, peguei uma caneta tinteiro, acendi meu charuto e iniciei meu romance.

Ou

Abri meu notebook, abri minha Box de cigarros enquanto o computador carregava, acendi meu cigarro, respirei fundo, cigarro no cinzeiro, dedos no teclados, dança intensa das palavras , um romance começando.


Por muito tempo eu achei isso tudo bonito, por muito tempo eu acreditei realmente nisso.A mesma essência escrita em tempos diferentes, as coisas não mudam. As coisas sofrem uma falsa mudança,isto é,fingem que mudam, por que a essência da coisa não muda.É um duro ciclo, as vezes vicioso, aqueles que acreditam na eterna mudança, não enxergam isso com clareza.O mundo é cruel, não há poder maior que justifique as ações que não nos fazem bem, só nos mesmo podemos tentar reduzir las e nos confortar com isso, de repente transferido o juízo de valor a algum ser espiritual superior não é assim uma solução.
Que seja, só sei que não acredito na pureza.Mas ela vive por instantes dentro do ser, ilustramos o momento de uma paixão, paixão, na noção primeira é pura.O resto não mais.A idéia de imediato é pura, o resto é construção.E tudo que não é principio, que não é nascimento, é contaminado com idéias externas , e assim se torna impuro.
O romance que nossos personagem começaram a construir, esse ponto, que não leva nenhuma conceituação filosófica, que é apenas uma ejaculação da arte, esse romance, que grande maioria lê, ou já leu alguma vez, é ele o senhor da historia. Seria muita prepotência minha tentar explicar por qualquer via o que é realmente um romance, por isso ofertarei minha rés opinião aqui.
O romance é filho das epopéias nascido no século dezessete sabe se lá com qual contexto histórico( acreditem não é falta de oportunidade de saber é apenas ausência de interesse mesmo), foi um grande palco de transferência da realidade pra algo que fizesse seus leitores caminhar juntos com o enredo pra caminhos fictícios, algo que afastava a dura realidade para um campo de emoção e figuras de linguagem.Foi também momento aonde o eu lírico falava em primeira pessoa, e em uma poesia intimista, contava as doenças da alma, do amor, do ódio e até da morte.Não, não critico isso, não critico o romance alienista, o mal do século, a prostituição do trabalho está e esteve no limite entre romance e vida real.Minha critica única e intensa é ao romancista que nunca romanceou.Como contar algo que nunca viveu, é como mentir. Ai que entra essa liberdade das artes, não bato palma pra coisas poucos delimitadas, me chame do que quiser, mas gosto de seguir a pista na estrada, gosto de saber para onde estou indo, e aonde vai ter o próximo retorno, e gosto principalmente de falar do que sei, falar do que não sei é inventar.E marcar o que eu sei é subjugar, não é síndrome de Sócrates, nem síndrome de Gabriela ( eu nasci assim, vou morrer assim...), é apenas um texto evasivo, vazio, sem coerência, nem meio, nem fim, só pra você perder o seu tempo em me ler, seja você quem for, seja ql for o motivo que te fez chegar aqui, seja você realmente alguém, eu não disputo atenção nem escrevo entrelinhas, siga a luz no final do corredor, eu sou transparente, até demais.